A nova legislação da União Europeia (EU) que entrará em vigor em janeiro de 2025, exigindo rastreabilidade completa em toda a cadeia produtiva e proibindo a importação de produtos associados ao desmatamento, poderá ser atendida pelo Brasil sem dificuldades, conforme afirma Roberto Perosa, secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

"Entendemos que podemos ser parceiros da União Europeia. Não estamos tão preocupados quanto os Estados Unidos porque acreditamos que não teremos dificuldades para cumprir a lei. Claro que precisamos comprovar, e esse é o grande desafio," declarou Perosa durante o Salão Internacional de Proteína Animal (Siavs).

Perosa destacou que os Estados Unidos estão pressionando fortemente a UE para adiar o início da vigência da legislação. Embora ele considere possível uma prorrogação, acredita que, mesmo sem ela, o Brasil encontrará uma maneira de fornecer as informações necessárias de rastreabilidade.

E já estariam sendo desenvolvidos mecanismos para realizar essa medição no Brasil. Como a criação de uma plataforma para armazenar as informações dos produtos como uma das alternativas em estudo pelo governo federal.

No setor, a principal preocupação é a falta de clareza nas informações até o momento. A legislação especifica que a União Europeia não aceitará produtos relacionados ao desmatamento.

Perosa ressaltou que o Mercosul está consolidado no compromisso de atender a demanda e enviar produtos que não estejam ligados ao desmatamento ilegal, uma vez que a legislação brasileira permite o desmatamento legal em determinadas áreas. "Isso está consolidado em qualquer comunicação nossa. Nós não vamos contra a lei do nosso país," afirmou.

Caso as autoridades europeias não aceitem produtos associados ao desmatamento legal, Perosa sublinha que a UE é um parceiro comercial importante, mas não o principal, e que os produtos podem ser redirecionados a outros mercados mais relevantes, como a Ásia.